" As Coisas acontecem... "

A muito tempo atrás , quando eu tinha nove anos , fui escolhida por minha mãe , entre outros irmãos para trabalhar em uma casa de família rica , era uma dessas fazendas antigas onde se cultivava café , fui para lá para "cuidar" ou ser o brinquedo de uma menina de onze anos , ao chegar na tal fazenda , a senhora que cuidava da casa me recebeu de maneira cortez , olhando dentro de meus olhos ela disse : Mais uma . Em seguida me levou até um minúsculo quarto nos fundos da casa , e me alertou , tranque sua porta a noite , sempre . Os dias foram passando e cada vez q eu era mandada ou quarto da menina de quem eu devia cuidar e a chamava para brincar ela estava sozinha , mas conversava com alguém q eu não via , e me dizia; Vá embora já estou brincando , não está vendo? Eu sem entender nada saia e ia ajudar as moças da cozinha , em meus pensamentos apenas achava que a menina não queria brincar por que eu era pobre . No quarto onde eu dormia havia um retrato de uma senhora que a propósito sempre me levava algo para comer a noite ou beber , já que a comida para os empregados era escassa na linda fazenda , meu estomago sempre "roncava" de fome , mas coisas esquisitas começaram a acontecer , as noites eu ouvia a menina chorar , era um choro de dor ou algo parecido , tampava os ouvidos , pois pela manhã eu deveria trabalhar , até q em uma das tardes a menina decidiu brincar comigo veio até meu quarto trouxe sua linda boneca de porcelana , com a qual eu me encantei , nem pensei em mais nada só queria brincar , percebi que a menina olhava para o retrato e perguntei o que havia , ela me respondeu , a senhora do retrato é minha avó , eu sorri lembrando que as noites ela me trazia comida , mas a menina completou sua frase dizendo : Ela faleceu a dois anos , o bicho a matou por que ela não queria deixá-lo entrar em meu quarto .Por incrível que pareça eu não senti medo , apenas continuei brincando , mas naquela noite as coisas mudaram , os gritos da menina eram mais e mais altos , por ela ter vindo brincar comigo , tomei coragem e fui defender minha amiga , peguei a vela e segui em direção as escadas que iam para os quartos , passei pelo quarto dos patrões a dona da casa estava de joelhos , murmurava palavras enquanto chorava , estava de olhos fechados , nem sequer me viu , fui devagar até o quarto da menina , ela pedia socorro, e dizia : Pare papai por favor pare , abri a porta mas minha vela caiu , eu vi apenas uma sombra de alguém vindo em minha direção , corri o mais rápido que pude , virei a tramela do quarto , e percebi que alguém tentava abrir a porta , com muito esforço encostei o velho baú que tinha minhas roupas dentro na porta e ali fiquei , era escuro pois minha vela a única que eu tinha ficou pelo caminho , estava frio eu com muito medo , tanto que cheguei a vomitar , enquanto mais uma vez ouvia a menina gritar , mas de repente o silêncio , tudo se aquietou , e logo amanheceu , sai do quarto com medo , mas ... Pessoas de preto circulavam pela casa e um pequeno caixão na sala , mas pela altura não pude ver quem estava dentro , ao lado a menina , estava pálida com um semblante triste , junto com ela um menino , de rosto arroxeado , com o mesmo semblante , a patroa com um vestido negro mantinha suas mão sobre o corpo no caixão , o patrão com rosto rude recebia os cumprimentos , fui até a cozinha e para minha grata surpresa meu pai estava lá , veio me buscar , peguei o pouco que tinha e corri para fora , ao subir no bagageiro da bicicleta do pai , olhei para uma das janelas e vi , o menino que não conheci , a menina e a senhora que me levava comida , estavam na janela e me acenavam com olhos tristes, mas adiante um senhor de carroça pede informações ao meu pai , os dois conversam e ele diz : Veja só, tanto dinheiro pra nada , primeiro o filho de sete anos morre junto com a avó , dizem que caíram da escada e agora a filha morre do mesmo modo. Fim.
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